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One Piece: Pirate Warriors 2 - Análise

Oh Come My Way!

Existe um inegável fascínio na obra de Eiichiro Oda e nos seus personagens. One Piece contém uma fantasia e ficção sem igual, um encanto magistral e envolvência fenomenal, como se fosse mesmo um "One Piece" entre o mundo da animação televisiva. No entanto, o mais intrigante é como nos conseguimos relacionar com estas personagens e com as suas histórias, como algo tão cheio de fantasia e irreal consegue ter tanta carga dramática e sentir-se tão pessoal, tão humano, tão "dia-a-dia" nos seus dilemas e desafios (nem todos). One Piece é um verdadeiro prazer, uma série que cativa e que deixa vontade de interagir com mais relacionado com ela. Combina sucesso mainstream mundial com uma qualidade e profundidade de louvar, algo que poucos conseguiram fazer portanto a sua extensa presença nos videojogos é mais do que natural.

One Piece é um universo que por muito que seja apresentado parece que existe muito mais que poderia ser criado. A sua profundidade é tal que existe a sensação que poderia durar séculos e, mais espantoso, não aborrecer. Momentos como o sacrifício de Bon chan em Impel Down, a doutora Kureha a relatar a relação entre Hiluluk e Tony Tony Chopper, Monkey D. Garp a chorar em Marine Ford, Luffy a esmurrar um Tenryuubito, entre outros, são referências que qualquer fã guarda dentro de si para com fervor defender aos seus amigos que esta é uma série de excelência. A verdade é incontestável, é mesmo. Assim sendo não é de admirar que exista uma sequela a Pirate Warriors e que venha munida de argumentos para justificar a sua compra.

Após várias horas passadas em redor da sequela, o maior elogio que lhe posso tecer é que faz com que o original pareça em comparação um produto aborrecido. Longe de o ser, apenas é vítima de algumas mecânicas menos boas e de não saber contornar o atual estigma que se formou em redor das séries Musou do estúdio Omega Force. Pirate Warriors 2 é fruto de uma equipa que sabia o que precisava mudar/cortar para dinamizar o produto, para o tornar ainda melhor e no qual as horas se acumulam com ainda mais facilidade com que no original. Sejamos bem-vindos ao Novo Mundo.

O sistema de parceria com camaradas, o sistema de moedas e a evolução dos personagens foram alguns dos elementos que mais personalidade deram ao jogo mas outros elementos como os Quick Time Events e até alguns níveis mais monótonos tornavam a experiência um pouco confusa e com um ritmo irregular. Tal foi completamente corrigido neste segundo e apesar de não ser uma melhoria assim tão gigantesca, o certo é que a qualidade e pontaria dos ajustes/refinamentos revela-se tão oportuna que o produto só tem a beneficiar. Se tiverem um amigo para jogar ao vosso lado ou para vos acompanhar via online ainda melhor.

PW2 opta por focar-se numa história completamente original, uma que nos leva para locais conhecidos do Novo Mundo mas que é inédita. Aqui Luffy e camaradas vêem-se envolvidos numa trama que envolve toda a Marinha, piratas de todo o mundo e algumas figuras bem conhecidas como Smoker, Jinbe, Trafalgar Law ou Boa Hancock, para referir alguns. Ao relembrarem quando enfrentaram o deus do relâmpago Enel nas Sky Islands, a tripulação dos piratas do Chapéu de Palha encontram estranhos Dials que deixam quase todos eles numa espécie de versão negra dos mesmos.

Escusado será dizer que a Marinha e os piratas do Novo Mundo se vão centrar na procura destes Dials assim como de Luffy e camaradas, criando uma trama original completamente envolta no que bem conhecemos da TV e livros. O enredo original pode não ser do agrado de todos mas é refrescante pois sentimos que não estamos a jogar adaptações do que vimos na TV que acabam sempre por se sentir presas ou incompletas por muita qualidade que tenham. Especialmente quando nos abre a portas a situações de outra forma impossíveis.

Para corrigir uma das principais queixas sobre o original, o estúdio removeu por completo todas as sequências QTE do jogo, eu agradeço. Eram simplesmente aborrecidas, sentiam-se desnecessárias e pareciam prolongadores artificiais de longevidade. Agora temos níveis que seguem o padrão estabelecido na série Musou nos quais teremos na mesma um objetivo principal e um ou dois secundários. Tradicionalmente os secundários giram em torno da captura de um espaço específico no mapa e vão alterando conforme as nossas ações. Confesso que ver Kizaru a entrar no campo de batalha não foi exatamente do meu agrado mas esmurrar Santomaru já foi.

A esse respeito será aconselhado saltarem para uma dificuldade acima da normal, caso contrário o jogo fica demasiado fácil. Quando existe toda uma tentativa de inserir o jogador num sistema de evolução de personagens, é normal que o jogador queira investir tempo a cobrir todos os setores mas inevitavelmente estamos a martelar botões incessantemente e a dificuldade superior pode atenuar a sensação. Até porque agora foi feito um esforço para incluir mais inimigos e personagens no ecrã, criando uma maior vivacidade nos níveis.

O motor gráfico continua a mostrar-se altamente competente, mesmo com toda uma panóplia de efeitos e crescente número de inimigos. Altamente colorido e realmente a lembrar como seria Dynasty Warriors em versão série animada, aqui One Piece claro. Mesmo com todos aqueles inimigos no ecrã o jogo raramente mostra sinais de fraquejo e somente o serrilhado em alguns elementos dos personagens e cenários atraiçoam a apresentação. A qualidade prima ainda pela positiva porque temos todas as vozes Japonesas originais e quando executamos todos aqueles espantosos movimentos como o Gum Gum Jet Pistol em Gear Third e os respetivos especiais de cada personagem presente.

Tudo aqui revela a intenção de melhorar sistemas e mecânicas do primeiro sem a momento algum as esquecer e estas forma inevitavelmente a fundação da gameplay que teremos à nossa frente nas próximas dezenas de horas. Além de ganharmos Berry durante as missões para comprar todo o tipo de itens para ver e ouvir na galeria, o jogo ainda permite que o jogador recolha moedas especiais que podem ser equipadas para melhorar os atributos. Tal como no original existem várias, algumas até especiais, que dão atributos adicionais e dependendo da figura ou cara que estão nelas, podemos combinar para reforçado efeito. É um pequeno toque de personalização que pode até nem se fazer sentir nas missões mas que envolve o jogador na gestão e faz com que passe tempo nos menus sem se tornar em algo chato.

Adicionalmente, o Omega Force decidiu que não iria impedir o jogador de evoluir livremente os seus personagens. Isto é especialmente indicado para mim que passo praticamente todo o tempo a jogar com Luffy ou Zoro e depois sou obrigado a jogar com a Nami ou com o Kuma, por exemplo. Caso o jogador queira, pode usar o dinheiro que ganhou e subir livremente o nível dos personagens (até ao limite máximo alcançado a jogar com o seu personagem mais avançado). Quando temos o modo principal com uma história inédita, um modo livre com missões por personagem e ainda um modo no qual teremos que enfrentar missões de camaradas para os podermos usar, aumentar livremente o nível dos personagens a custo de Berry é sem dúvida bem-vindo.

Quem sabe não esquece, quem gosta não resiste.

Quando enfrentamos as missões de personagens (Crew Missions) ficamos com a possibilidade de os usar nas missões principais e de os chamar no calor da batalha. Ao contrário do original, aqui não temos uma ligação que se forma quando os dois personagens estão por perto, aqui podemos chamar os personagens em qualquer lado dependendo de certas condições. Quando o jogador enche a barra de Haki, ficamos com acesso a condições especiais (movimento livre enquanto inimigos ficam mais lentos ou parados ou maior dano) e se preenchermos a barra de companheiro podemos invocar esse personagem e por breves segundos jogar com ele.

Acreditem que esta é uma forma muito mais divertida e até oportuna que a original. Isto porque desta forma vamos jogar com personagens diferentes sem largar o nosso favorito e quem sabe até conhecer personagens com os quais dificilmente pensaríamos em jogar. Agora já terão gosto em usar a Nami sem ser para a ver de bikini. Tanto a barra de Haki como a barra de ataque especial (aquele movimento especial que já vem desde o primeiro Musou e que envia dezenas de inimigos pelos ares) são preenchidas a espancar os inimigos com recurso a combinações de dois botões que vão aumentando consoante subimos de nível.

O resto é o que bem conhecemos na série padrão da Tecmo Koei. Espancamos inimigos enquanto conquistamos zonas ou corremos contra o tempo (existem ocasionais objetivos diferentes) enquanto vemos o número de K.O. subir para 500/1000 e por aí adiante. Isto até chegarmos ao boss final e mostrar quem manda no pedaço. Tudo com a pele One Piece altamente dinâmica e divertida. É sem dúvida um prazer poder jogar este jogo que tenta por tudo divertir o jogador e mostrar que quer ser melhor sem a momento algum se esquecer que é um Musou. O que para uns será aborrecido e repetitivo, para outros será alvo de empenho.

Um dos maiores talentos de PW2 é a arte com que se presta a contornar alguns dos maiores problemas tanto na série Dynasty Warriors do Omega Force como também no primeiro jogo. Tenta incutir-se com um ritmo mais dinâmico, mais feroz e ainda mais semelhante ao que esperamos da série animada e da manga. É um verdadeiro companheiro para as horas vagas e suaviza imenso a sensação de aborrecimento que a série tradicionalmente poderia apresentar graças a uma continuada oferta de novidades que valorizam o empenho do jogador. No entanto a sua maior falha será sempre o gênero onde está inserido e a incapacidade de romper por completo com algumas estruturas e fundações ultrapassadas e desgastadas.

One Piece: Pirate Warriors 2 não é simplesmente uma oportunidade para continuar a passar tempo com os Piratas do Chapéu de Palha, é provavelmente um dos melhores jogos inspirados na obra que podem encontrar e muito provavelmente um dos melhores jogos Musou que a Tecmo Koei alguma vez fez. É um prazer imenso assistir novamente ao combinar da fórmula Dynasty Warriors com One Piece por parte de uma equipa que prova a cada novo minuto que é tanto devota ao material fonte quanto o público alvo.

8 / 10

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