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Soul Sacrifice - Análise

Uma jornada pelo estanho lado das fábulas.

Existem até Pactos Esquecidos nos quais temos que cumprir as missões com objectivos adicionais (como terminar em determinado tempo), e confesso que foram bem divertidos pois sempre forçam desafio extra ao jogador. Caso queiram algo com mais história em suporte, temos os Fellow Sorcerers que são histórias com cerca de 5 capítulos cada que narram uma aventura ao lado de um feiticeiro específico, que depois fica disponível para ser usado no resto das missões Inside Avalon.

Como se isto não bastasse, e para atestar todo o cuidado empregue na criação deste mundo, temos a secção Lore que nos instruiu em tudo o que consiste este mundo. Se quiserem mesmo conhecer todas as histórias que narram acontecimentos deste mundo, contem com uma centena de páginas sobre História, Mitos, Feiticeiros, Monstros, e outras criaturas ou locais que compõe este universo. Acreditem que ler contos sobre terras fictícias com uma enorme fantasia em seu redor é um gratificante selo de qualidade que o produto pode apresentar-vos.

Além disto podem, tal como já conferiram na demonstração se pertencem ao exército de curiosos por SS, aderir ao multi-jogador que nada mais faz do que conferir longevidade extra ao produto. É tudo muito simples, criam/entra numa sala, escolhem uma missão Avalon e podem partilhar para a troca de galhardetes em modo cooperativo. Tudo muito simples e tudo muito divertido, especialmente se quiserem ver como outros interpretam a filosofia central do jogo.

O multi-jogador faz até mais do que isso, vai torná-lo um pouco mais fácil e tolerável pois confesso que por vezes tive vontade de desistir do jogo devido à dificuldade de algumas missões. No entanto, a hora do grinding revelou que SS é até mais amigo do que podem pensar, o problema está na curva de dificuldade que pode ter alguns picos ocasionais. De resto temos toda uma estrutura bem interligada que concede constantemente missões secundárias para o jogador enfrentar e subir de nível mas a todo o momento sentimos que acompanhados, onde possível, a experiência ganha mais valor.

Visualmente este é um título que cumpre. Coloca-se entre os melhores produtos na portátil mas tal como escrevi na antevisão, o encanto está no design e criatividade artística ao invés do poder tecnológico. Enquanto técnicas como aliasing parecem ter ficado de fora e os cenários poderem ter texturas feias aos quadrados, o encantador design que vemos aqui é incrivelmente fascinante. Um mundo de fantasia criado de raiz para este jogo que nos leva para variados locais, cada um com a sua própria história e tema.

A fluidez dos combates e o rápido movimento dos personagens certamente foram o centro das atenções dos programadores e tal é uma aposta ganha. Num jogo destes o prazer que se obtém dos combates é fulcral e fica a sensação que os visuais foram geridos sempre com o sistema de combate e mecânicas de jogo em primeiro plano. Quase como se, caso preciso, os cortes iam para a vertente técnica. Isto não quer dizer que o jogo não tem momentos de espantar, tem, apenas não são tantos quanto se poderia esperar caso o centro tivesse sido colocado no aparato visual.

Pouco mais de um ano e a Vita tem aqui um dos seus mais poderosos produtos.

Se Keiji Inafune é um nome a reter neste jogo, também Yasunori Mitsuda e Wataru Hokoyama são nomes que marcam aqui. Referir que o primeiro tem no currículo jogos como Chrono Trigger e Chrono Cross é uma boa forma de atestar a sua qualidade e quando sentirem que a banda sonora está a entranhar-se em vocês, já sabem a quem tem que reconhecer o talento. As vozes que dão vida aos personagens cumprem e talvez apenas a de Magusar se destaque verdadeiramente. Este é um departamento no qual SS me conquistou e fiquei verdadeiramente impressionado.

A repetição incessante de bosses tira alguma da sua personalidade e tira-lhe alguma da sua magia mas temos aqui um produto altamente competente e satisfatório que vai durar horas e horas. Contem com bem mais de 30 horas e caso decidam aderir ao multi-jogador online então vão ter jogo para o dobro ou mais. Pena que seja quase obrigatório jogar com outros jogadores para evitar cansaço e frustração mas de resto este é um produto que só posso elogiar. Existem arestas a limar e melhorias que podem ser aplicadas mas para um primeiro produto, é um produto exemplar e na PlayStation Vita é verdadeiramente especial.

Soul Sacrifice é exigente, por vezes desnecessariamente, é imersivo e envolve o jogador num novo universo que parece ter nascido de uma distorcida perspectiva sobre as fábulas de criança. O seu modo multi-jogador salva-o de frustrações e equilibra a experiência. Não é o melhor exemplo das capacidades singulares de que a portátil é capaz (a não ser que queiram derrubar Necrom tocando no ecrã táctil) mas é um fantástico exemplo de como um projecto AAA pode ser pensado e moldado tendo em conta as fraquezas e forças específicas desta PlayStation Vita.

Soul Sacrifice é um dos produtos mais singulares e mais carismáticos da PlayStation Vita até hoje. É um produto de futura referência que caso se faça justiça não se ficará somente por este primeiro capítulo. Tem potencial para mais e potencial até para passar para outras consolas da companhia. É todo um universo que nasce aqui com qualidade que merece perdurar em futuras incursões. É difícil, desafiante, vicia e certamente vai gerar toda uma devota comunidade em seu redor. Com alguns ajustes e melhorias pode transcender para algo mais no catálogo Sony.

9 / 10

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Soul Sacrifice

PlayStation Vita

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Bruno Galvão

Redator

O Bruno tem um gosto requintado. Para ele os videojogos são mais que um entretenimento e gosta de discutir sobre formas e arte. Para além disso consome tudo que seja Japonês, principalmente JRPG. Nós só agradecemos.

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