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Dragon's Dogma: Dark Arisen - Análise

O Arisen renasce, literalmente.

O problema são as paragens que envolvem escolhas óbvias, desinteressantes, obrigatórias, ou não envolvem escolha de todo. Ora, neste caso temos as ocasionais paragens estratégicas quando atualizamos o equipamento ou modificamos algo nas skills, mas a progressão base das personagens é automática, não temos pontos para aumentar ou talentos para escolher. Em teoria, durante a nossa jornada por Gransys não existiriam muitos motivos para paragens, tirando o upgrade ocasional de uma peça de equipamento. Mas não, infelizmente Dragon's Dogma força imensas interrupções irritantes.

As vezes em que nos encontramos perdidos são frequentes, por isso preparem-se para estar sempre a recorrer ao mapa para saber exatamente onde virar, sim, porque o mini mapa é uma desgraça. A mecânica da lâmpada que nos ilumina no escuro é engraçada, estar sempre a aceder ao inventário para equipar e guardar a lâmpada nem por isso. Os consumíveis, existem para todos os gostos, para todos os males, mas também requerem uma pausa no jogo para utilizar. Nada que não estejamos habituados num RPG, mas é estranho estar a meio de um combo e ter que parar para comer uma erva que mantenha a stamina.

Finalmente, o "quest log", precisamos de quatro instruções no comando apenas para ler o texto de uma quest, denominar a que quisermos como prioritária para ter uma indicação no mapa, e ainda esperar e confiar nas dicas dos pawns, sem dúvida a mecânica mais natural deste sistema de quests. O ritmo narrativo é livre, mas inconstante, as quests divertidas e originais contrastam com outras atiradas para ali, típicas e mal apresentadas, do género, "olá, eu sou um indigente com uma vida miserável, e por acaso preciso de um favor. Não quereres ajudar-me a tornar a minha situação um pouco menos miserável?" Mm, nem por isso, mas a experiência dava-me jeito.

Um elogio ao facto de todas as interações com os npcs terem direito a voz, ainda que nós como protagonistas continuemos mudos. E uma crítica às animações das personagens durante os diálogos, que por vezes nem abrem a boca, mas as palavras continuam a sair-lhes, pelo nariz talvez. Isto educa-nos a dar mais atenção ao texto e som dos diálogos do que à interação completa com a linguagem corporal do "quest giver", diminuindo imenso a experiência.

Entrando então mais especificamente na parte Dark Arisen, concretamente no que diz respeito à Bitterblack Island, a nova área dedicada ao "end game", ou seja, àqueles que tenham uma personagem para a qual o conteúdo original já não tenha desafios à altura. Ainda que no geral este conteúdo seja "mais e ligeiramente melhor Dragon´s Dogma", é apresentado de forma demasiado ligeira. O acesso à ilha acontece depois do contacto com o espetro de uma mulher chamada Olra, que encontramos no cais de Cassardis quando escurece, e que naturalmente precisa da nossa ajuda.

A questão é que antes de ela dizer seja o que for, quem é, o que a preocupa, na loucura, porque é que estou a falar com um fantasma mesmo? Antes de sabermos mais sobre Olra ela toma posição, "Olá, queres vir comigo para a minha ilha?" Hein? Ok. Ela será a ligação permanente com o novo conteúdo, podem interagir com ela para purificações, para mudar de vocação ou skills, guardar equipamento, aceder à loja online que é um mistério para mim porque não estava a funcionar, e ainda obter transporte instantâneo para Cassardis. Olra e a figura de Barroch serão o vosso principal apoio na exploração dos labirintos de Bitterblack.

Não serão bem-vindos, a própria morte vos aconselhará a voltar para trás ("ainda é tempo de viver"). Referi que era designada para o "end game", mas isso não significa que seja exclusiva para personagens 50+, a questão é que para quem está a começar é desaconselhada. Mesmo que consigam acabar por eliminar alguns dos monstros, vão demorar demasiado tempo e gastar demasiados consumíveis no processo. A primeira vez que pisei as catacumbas da ilha estava um pouco acima de nível 20, ainda avancei um pouco mas rapidamente fui corrido, voltando apenas cerca de 10 níveis depois.

"Como franquia, julgo que tem tudo para merecer uma sequela com outras ambições durante a próxima geração de consolas."

Com bom equipamento já é possível "farmar" parte do conteúdo por essa altura, mas para explorar toda a zona subterrânea de Bitterblack Island precisam de uma equipa já bastante estabelecida, e de preferência equipada com as novas peças de equipamento aí disponíveis, criadas especificamente para os novos desafios. Infelizmente não tenho uma personagem nível 200 ou algo parecido, mas julgo que mesmo esses terão adversários à altura nas catacumbas, criaturas que os obriguem a atualizar o equipamento e aproveitar o novo tier de skills.

Inicialmente, acredito que a aceitação do jogo tenha surpreendido a própria Capcom, e compreendo por isso a opção em realizar uma restruturação ao original, ao invés de apenas oferecer um pedaço de conteúdo adicional. É um jogo com um teto alto, um combate muito acessível mas que cresce imenso em complexidade, e um sistema de progressão que oferece variedade e promove muito bem a experimentação. Como franquia, julgo que tem tudo para merecer uma sequela com outras ambições durante a próxima geração de consolas

Resumindo, é sem dúvida um upgrade da primeira versão, demonstra respeito pelos responsáveis do seu desenvolvimento, pessoas que se percebe serem fãs de RPGs, sabem o que fazem, e que com certeza também gostariam de ter cenários estilo Assassin's Creed para poder montar o seu sistema e dar-lhe a sua personalidade. Do meu ponto de vista a experiência global vale bem mais do que a execução técnica do jogo, e por isso percebo que tenha gerado tanta controvérsia na sua primeira versão. É muito recomendado para quem gosta de RPG's e uma óptima oportunidade se o perderam da primeira vez.

8 / 10

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Dragon’s Dogma: Dark Arisen

PS4, Xbox One, PS3, Xbox 360, PC, Nintendo Switch

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Sobre o Autor
Aníbal Gonçalves avatar

Aníbal Gonçalves

Redator

MMOs e RPG são com o Aníbal. Aliás existe um rumor na redação que a sua primeira casa é o World of Warcraft. Mas às vezes também o vemos a fazer uns exercícios. Não é mau de todo.

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