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Sly Cooper: Thieves in Time - Análise

O teu hálito cheira a meias sujas fermentadas.

Apesar de ser demasiado fixa, a navegação pelos níveis aproveita-se da qualidade das animações que retratam as personagens com as devidas diferenças. Murray é o brutamontes mais lento mas com um andar sexy, Sly é o mais esguio e móvel dos três, e desenganem-se se pensam que a tartaruga é lenta. Algumas plataformas requerem alguma criatividade para perceber, mas mesmo nestes momentos, o facto de apenas existir uma forma de avançar permite-nos chegar à solução apenas com um pouco de "tentativa-erro".

O combate com os inimigos normais é pobre, talvez o pior aspeto do jogo, sempre muito igual e desconexo, mesmo depois de desbloqueadas as habilidades adicionais na Gatuonet. Curioso porque por outro lado as lutas com os bosses são do mais divertido que há em Sly 4. Cada um dos níveis tem associado um mau da fita principal, de longe as estrelas do espetáculo tanto na escrita, na estética e depois nas lutas que proporcionam no final de cada nível.

Felizmente a variedade do gameplay não depende destes inimigos que vagueiam pelo mapa, mas é imposto pelo próprio desenrolar da história e de forma intimamente ligada aos disfarces e às personagens que o jogo coloca sobre nosso controlo. Começando pelos disfarces, estes não são propriamente uma novidade, mas trazem consigo habilidades essenciais para ultrapassar determinadas áreas dos mapas e servem também como arma. Para dar alguns exemplos, o disfarce de samurai traz um escudo para Sly, enquanto o de arqueiro permite a utilização de um arco e flecha.

Quanto às personagens, cada nível tem associado um antepassado de Sly, um membro da família Cooper que emprestam ao jogo a sua personalidade e jogabilidade próprias. São cinco antepassados no total, que se juntam à equipa de três ladrões e a Carmelita, a amada de Sly. Para não estragar totalmente a surpresa, vou salientar o meu preferido destes antepassados, o homem das cavernas Bob Cooper, que antes de ser destacado para uma missão passa por um treino especial com Murray. A jogabilidade desta sequência baseia-se em ações de contexto, e o tom faz lembrar aqueles famosos treinos intensivos de Rocky Balboa. Simplesmente hilariante.

Como já disse, as várias personagens têm ao seu dispor ferramentas diferentes e específicas para ultrapassar as etapas do jogo, mas a que mais se distingue em termos de gameplay é mesmo a figura de Bentley, que surge em cena sempre que é preciso piratear um sistema informático. Estes momentos assemelham-se muito ao que poderemos encontrar nas plataformas móveis, e por isso funcionam muito melhor na Vita. Em alguns casos num estilo de shooter em side-scrolling horizontal estilo R-Type, outros em que temos que percorrer uns circuitos elétricos, ora com o analógico no comando, ou com o giroscópio na portátil.

É neste sentido que encontramos a tal variedade, ora alternando entre o percurso normal pelos níveis com Sly, os mini jogos com Bentley, as lutas com Murray, os combates com os bosses e a utilização das várias mecânicas proporcionadas pelos disfarces e pelos antepassados. Os níveis podem ser revisitados, aliás, é incentivado até que o façam na procura dos tesouros, cofres, máscaras garrafas e troféus que vos tenham escapado, assim como para juntar ainda mais moedas até desbloquear os golpes adicionais para as personagens.

“…cada nível tem associado um antepassado de Sly, um membro da família Cooper que emprestam ao jogo a sua personalidade e jogabilidade próprias.”

O percurso normal pelos níveis torna-se gratificante graças a esta alternância, mas infelizmente em termos mais abrangentes é tudo muito igual. As áreas impõem sempre a mesma linha de ações, funcionando sempre na seguinte ordem: Viajar até uma época distante, investigar, efetuar o reconhecimento do mau da fita, salvar o antepassado da família Cooper, completar uma série de missões, luta com o boss. Repetir. O que torna estas sequências interessantes são os diálogos sempre carregados de humor e principalmente a personalidade dos maus da fita, um urso que acredita que é um artista (Grizz) ou um cowboy egocêntrico (Toothpick) são ingredientes suficientes para ficarem com uma ideia.

Sendo um jogo animado, a estética é particularmente mais importante do que a qualidade e fidelidade das texturas. Ainda assim, não há grande coisa a salientar neste aspeto, é um título tecnicamente competente, mas nunca surpreendente, parecendo um jogo de início de geração. Por outras palavras, se tivesse saído em 2007 provavelmente teria o mesmo aspeto. É sim muito bem escrito e sempre engraçado. Tive poucos momentos de gargalhada, mas um sorriso permanente na cara graças aos constantes diálogos, que já agora, estão muito bem traduzidos e dobrados para o nosso Português.

Em jeito de conclusão, não tenho dúvidas que vão gostar de Sly Cooper: Thieves in Time se são fãs da série. É um pouco preso em demasia ao passado, arrisca pouco mas mantem os ingredientes que outrora fizeram o sucesso da série. Apesar da navegação ser mais exigente com os pequenos analógicos da Playstation Vita, parece-me um título mais apropriado ao formato portátil, até porque as missões são curtas e tudo parece dividido por etapas. A minha memória não me permite afirmar com exatidão, mas fiquei com a sensação que é bem maior do que os títulos anteriores de Sly, e sem dúvida que continua com o mesmo charme, no geral, um bom trabalho da Sanzaru.

7 / 10

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In this article

Sly Cooper: Thieves in Time

PS3, PlayStation Vita

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Aníbal Gonçalves avatar

Aníbal Gonçalves

Redator

MMOs e RPG são com o Aníbal. Aliás existe um rumor na redação que a sua primeira casa é o World of Warcraft. Mas às vezes também o vemos a fazer uns exercícios. Não é mau de todo.
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