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Sound Shapes - Análise

Espera o inesperado.

Desenvolvido pelo estúdio Queasy Games em conjunto com o estúdio Sony Santa Monica, Sound Shapes desde logo impressiona pela lista de pessoal que esteve envolvido no seu desenvolvimento. Isto porque mais do que criar um videojogo para entreter, o estúdio parece ter apostado em criar uma experiência com bases em fundações sólidas e pré-estabelecidas, mas com uma envolvência músical que raramente se tinha visto no género.

Para tal pediu ajuda a talento igualmente com cartas dadas e o produto que chega às mãos do jogador pode ser descrito como muito mais do que um videojogo, enquanto ao mesmo tempo é na verdade um simples videojogo de plataformas. Mesmo assim é extremamente viciante, singular e dotado de toda uma personalidade própria.

Sound Shapes é então um jogo de plataformas em side-scrolling no qual teremos que controlar uma bola para que esta chegue ao final do nível. Tudo aqui é muito simples e muito normal pois onde SS envereda por um caminho só seu é quando pede ao jogador que se deixe envolver em todo o importante e fulcral papel que a música e o consequente ritmo incutem em toda esta experiência. O que seria algo simplista e até banal torna-se numa experiência rica e imersiva que vai sem dúvida cativar a audiência do género. Afinal de contas onde está a novidade em controlar uma boa com uns saltos para chegar à outra ponta do ecrã?

A novidade em si está na simbiose que o design de níveis partilha com a música e o ritmo que esta imprime nos obstáculos. Como referido, controlamos uma bola que tem que passar de uma ponta da sala para a outra e assim sucessivamente até chegar ao final do nível, ultrapassando obstáculos, criaturas mortíferas e pontos mortais no cenário. Pelo meio temos que recolher uns pontos espalhados pelos níveis que servem para muito mais do que efeitos estatísticos ou para obter troféus. Em Sound Shapes tudo produz som e tudo se encaixa na música e no ambiente do nível em si. Ao apanhar um desses pontos vamos fazer com que mais um som, como uma batida ou efeito, seja adicionado à música e tudo vai crescendo no ritmo e intensidade. Ao mesmo tempo o nível ganha mais personalidade pois a música vai-se fazer sentir igualmente de forma visual, com o acrescentar de alguns efeitos especiais visuais.

Esta bola tem ainda a capacidade de mover-se mais rapidamente pelos cenários e também pode-se agarrar a certas superfícies, dependendo da sua cor, sendo que é sempre dada a informação visual ao jogador para distinguir as mesmas. O que isto faz é imprimir mais profundidade numa jogabilidade simples e ao mesmo tempo combina a jogabilidade com o som, ou seja, temos ritmo na música e um esquema de plataformas ritmado. Certas ameaças no cenário são fixas e os disparos podem ser calculados com o ritmo da música, enquanto outras ameaças se movem e nos forçam a desvios mais ousados, mas sempre englobados no design de níveis que por sua vez está intimamente ligado à música.

O impacto visual de Sound Shapes é muito especial, simplista, mas colorido e cheio de personalidade. Fruto do talento de músicos e artistas que se juntaram para criar uma experiência e algo mais do que um videojogo. SS está dividido por discos, sendo que cada camada do vinil representa um nível, e cada um desses discos tem o seu próprio esquema de cores, dificuldade, ambiente e um artista que criou a banda sonora e outro que criou o design em si dos níveis.

Esta combinação de talentos resulta numa experiência diversificada e rica em termos visuais, mesmo que na sua essência seja básica e simplista. Ao fim de algum tempo é a escalada da dificuldade que nos mantém interessados e a crescente complexidade dos níveis. Não somos forçados a obter todos os pontos espalhados pelos níveis e o sistema de checkpoints é bem meigo. Mas onde SS nos vai cativar é na experiência como um todo e não propriamente na diversidade nas estruturas de níveis que oferece. Por outras palavras, caso a direção artística não tivesse tão sublime, Sound Shapes poderia ser apenas uma banal e curta diversão, mas não, visto como um todo é uma experiência singular e motivante.

"Caminhar pelos níveis torna-nos em mais do que um jogador de plataformas, faz de nós um compositor."

Com Deadmau5, Beck, Shaw-Han Liem, Jonathan Mak e Jim Guthrie a fornecerem a Banda Sonora de SS, sendo que Liem e Mak são igualmente os visionários por detrás da experiência, facilmente acreditamos porque o jogo consegue toda a sua personalidade. Sound Shapes precisa de ser ouvido tanto quanto visto, são fundamentais na experiência. É algo que encaixa mesmo bem numa experiência portátil. E neste tempo de praia e passeio, igualmente porque apesar da dificuldade crescer de forma alguma o jogo se torna intrusivo, apenas vai exigir mais de nós.

Sound Shapes vai ainda um pouco mais longe na forma como liga a PlayStation Vita e a Playstation 3, tal como a Sony vinha a pedir. SS permite a todos os compradores de uma versão a transferência gratuita da outra podendo partilhar saves e ainda partilhar itens entre as duas versões. No entanto, jogar a versão Vita torna todo o produto mais especial porque simplesmente senti que o jogo fazia mais sentido quando jogado na portátil. Especialmente porque recorre ao ecrã táctil frontal e ao painel traseiro, o que torna este jogo tão focado na música, numa experiência ainda melhor num dos seus elementos mais importantes.

Beck tem três músicas exclusivas no jogo.

O Queasy Games decidiu levar o conceito ainda mais longe e permite ao jogador que, tal como em LittleBigPlanet, obtenha novos itens ao acabar um nível e um disco para que os possa usar nas suas próprias criações. Isto vai incutir no produto todo um potencial de criatividade e um apelo entre a comunidade como raramente visto num jogo do género. Especialmente porque ao criar os níveis também temos que ter sempre em conta como a música os vai afetar e como caminhar pelos níveis nos torna mais do que um jogador de plataformas, mas igualmente num compositor.

Com os controlos táteis a criação de níveis torna-se extremamente fácil e intuitiva, sendo apenas uma questão relacionada com os limites da nossa própria imaginação, dedicação e paciência. Desde já foi possível testar alguns jogos criados pela comunidade para perceber o fulgor inerente que Sound Shapes tem e isso torna o produto um pouco mais especial. No final de contas SS revelou-se uma daquelas experiências bem mais interessantes do que inicialmente suponha. O que aparentemente podia ser descartado como um "joguinho" daqueles que parecem de "telemóvel", tornou-se numa cativante, envolvente e cativante experiência portátil.

Sound Shapes tem desde logo um mérito importante a nível pessoal, fez-me voltar a pegar na PlayStation Vita passadas algumas boas semanas e promete assim continuar, especialmente nesta altura mais relaxante. Tudo é extremamente simples, mas o prazer que incute no jogar é delicioso e quando olhamos para o tempo, toda a sintonia entre jogabilidade, música e design visual de níveis arrebata-nos e conquista. O papel da comunidade vai ser de enorme importância e a possibilidade de ter duas versões pelo preço de uma é convidativo.

8 / 10

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In this article

Sound Shapes

PS4, PS3, PlayStation Vita

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Bruno Galvão avatar

Bruno Galvão

Redator

O Bruno tem um gosto requintado. Para ele os videojogos são mais que um entretenimento e gosta de discutir sobre formas e arte. Para além disso consome tudo que seja Japonês, principalmente JRPG. Nós só agradecemos.
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