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Project Zero 2: Wii Edition - Análise

Ritual macabro.

Para esta edição renovada, os produtores avançaram bem nalguns elementos. As alterações na perspectiva (agora na terceira pessoa em detrimento dos ângulos fixos) favorecem a tensão e imprevisibilidade. A proximidade maior à personagem implica que haja uma área envolvente que escapa à visão, surgindo dali muitas fontes de perigo e medo. Por outro lado, as personagens foram retocadas, exibindo agora uma imagem mais detalhada e suave. O mesmo não aconteceu com o cenário, entre interiores, localizações exteriores, floresta e caminhos pedonais, o que acaba por ser um misto de contentamento e desilusão no que toca aos retoques gráficos.

De modo a alimentar a sensação de medo há uma série de elementos que assumem primazia diante do patamar gráfico e que decerto modo minimizam a sua limitação conseguindo um efeito positivo na projeção do medo. É certo que as secções animadas retiram destaque ao "gameplay", mas não só as mesmas se articulam bem entre parte jogável e não jogável como passam também por vídeos que podem ser seguidos a partir de um projetor ao longo de fases jogáveis. Depois há as transformações no efeito gráfico, como a película sem cores e de efeito gasto, que parece ser uma reminiscência. Outro detalhe importante é a utilização do Wii remote como rádio transmissor de vozes aprisionadas em minerais, sistema que atribui um tom sinistro à voz em articulação com outros sons.

Entre os objetos que podem ser recolhidos, como esses minerais que se transformam em pontos para melhorar a câmara fotográfica ou as lentes, estão os registos de um diário, com informações contraditórias e arrepiantes sobre um estranho ritual que aconteceu na vila, mas também chaves úteis para abrir zonas fechadas e objetos que restabelecem a saúde, assim como mais películas para fotografar. Cada vez que Mio se debruça sobre um objeto que identifica há o risco de ser agarrada por um braço fantasma. Se isso acontecer terá de se libertar, agitando o Wii remote. Por isso é que a aproximação com a mão ao objeto deverá fazer-se com cautela. Nunca que sabe que objeto está escondido, nem se o fantasma irá atacar.

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Quando Mio está cercada por fantasmas ou espíritos que começam por aparecer como vultos distorcidos, um filamento no topo central do ecrã indica a posição do fantasma e se o mesmo é uma entidade malévola (cor vermelha) ou se o mesmo não tenciona atacar (cor azul). Nesse instante a personagem terá de dar uso à estranha máquina fotográfica. Este aparelho, que não só capta registos fotográficos, causa dano aos fantasmas e constitui a única arma de defesa da gémea. Mantendo a lente aberta diante de um espírito, um medidor ao centro preenche-se de modo a que seja possível causar mais dano. Quanto maior for a proximidade com o fantasma, maior será a possibilidade de conseguir um "Fatal Frame", que de uma só vez quase que o envia desta para a melhor.

Os fantasmas rastejam, mudam de posição e escapam frequentemente ao ângulo de visão. Alguns são muito rápidos e aparecem por detrás, implicando que tenhamos de fazer uma rotação de 180º agitando o Nunchuk. O esquema é bastante tenso, preso e de comandos algo "tank". Para agravar a situação, o esquema de comandos através do Wii remote gera ainda mais dificuldades. Desde logo porque assumindo a perspetiva na primeira pessoa, o Wii remote entra em funcionamento juntamente com o Nunchuk, o que não foi uma boa ideia. O analógico do Nunchuck permite apontar a perspetiva à esquerda e direita, enquanto que para subir e descer a perspetiva terá de se usar o Wii remote. A resposta deste muitas vezes é deficiente, causando facilmente desorientações, especialmente quando há vários fantasmas em simultâneo. Teria sido preferível relegar o comando total da perspetiva para o analógico e ficar o Wii remote destinado a outras funções. Da maneira que está sobra muita frustração em combates mais apertados.

"A trama é interessante e cativa até ao desfecho emocional."

A máquina fotográfica é passível de melhoramentos. Upgrades que são obtidos a partir da troca de pontos gerados pela captura de fantasmas. Deste modo é possível ter a máquina mais preparada para o desenvolvimento das entidades fantasmagorias ao longo da história. Outra variante tem que ver com as lentes. Estas funcionam em três níveis que também podem ser aumentados com mais efeitos como mais danos, repulsão nos fantasmas, aprisionamento de pontos, etc.

À medida que avançam pela história descobrem mais lentes, o que é sempre útil para reforçar o aparelho. Contudo o esquema de combate está cingido está cingido à utilização da câmara. Ainda que a mesma seja passível de adaptação e melhoramentos, o uso é sempre o mesmo, o que significa poucas variantes em termos de gameplay, tornando o desafio mais esférico, linear e previsível.

Não obstante, a trama é interessante e cativa até ao desfecho emocional. Pese embora os primeiros capítulos sejam pouco esclarecedores, há uma intriga constante sobre aqueles motivos sórdidos e só numa fase posterior começam a chegar as primeiras revelações. Apontamento para o bom trabalho de vozes na dobragem para o inglês. Pena que nesse esforço se tenha diluído o selo da produção, atenta a geografia do espaço. A admissibilidade das vozes em japonês iria ao encontro de um registo mais fiel.

Duas raparigas jogam Project Zero 2: Wii Edition

Finda a história, sobra outro modo de jogo, o Haunted House, claramente mais comedido. Composto por vários mini-jogos de tipo "on-rail", muitos dos ingredientes e variantes como fantasmas e espaços colocados à disposição para cada um dependem da evolução tida na história principal. O objectivo deste modo passa por testar a vossa adaptação ao medo, através de um método de controlo que não nos parece assim tão seguro. Porém, ainda promove algum divertimento alternativo. Em qualquer altura um segundo jogador, usando o Wii remote, pode entrar em cena para gerar sons e perturbar o percurso do jogador com outros fantasmas.

Esta versão para a Wii de Project Zero 2 vai agradar aos fãs dos jogos de terror, especialmente aqueles que falharam o original. Não é uma versão isenta de problemas. No caso dos comandos, o controlo da máquina fotográfica sofre significativamente tendo em conta o modelo escolhido. Além disso, a estrutura de combate, apesar de original e criativa, não oferece grandes variantes assim como a progressão pela história se mostra algo linear, embora estas sejam limitações relacionadas com a passagem do tempo. Porém, e uma vez ofuscados esses problemas, existe aqui uma proposta incrível, marcante, arrepiante e que realmente mete medo. Afastado do timbre da ação, há um desafio emocional constante, um teste à resistência. Que os próximos tempos reservem mais iniciativas criadas a partir deste modelo.

7 / 10

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