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Everybody's Golf 6 - Análise

É para todos?

O golfe nunca foi para todos, tal é certo. Em Portugal é mesmo só para alguns e talvez só mesmo quando alguém se vê envolvido num escândalo é que vemos o desporto a surgir por arrasto na televisão. A vida para o golfe é algo ao qual não temos especial atenção mas mesmo assim Everybody's Golf é uma série que me despertou imensa curiosidade ao longo dos anos devido ao seu estrondoso sucesso pelo mundo fora. A mais recente edição, que conta com o número seis, foi lançada em Dezembro no Japão e tornou-se no jogo mais vendido para a PlayStation Vita e para a maioria dos jogadores Europeus tal deve ser mesmo estranho, tendo em conta que temos jogos como Uncharted e WipEout na consola.

Para quem teve apenas um contacto mínimo com a série, um jogo na PSP e um na PlayStation 3, agucei a minha curiosidade e preparei-me para descobrir se Everybody's Golf 6 é mesmo para todos. Grande parte da popularidade da série reside na sua fórmula base que combina visuais em estilo cartoon, colocando o jogador numa posição relaxada e não tão séria como atribuído ao desporto na vida real e que muitos acreditam não ter qualquer emoção, e o seu motor de jogo que permite controlos precisos. Sem quaisquer dúvidas que, mesmo após algum contacto com a série, Everybody's Golf estranha-se e à partida tudo pode deixar-nos confusos. Perguntamos se o jogo nos quer divertir e relaxar ou se quer oferecer uma experiência credível do desporto no qual se insere. A verdade está na combinação dos dois e o que falta saber é se depois entranha-se.

Everybody's Golf 6 mantém-se bem fiel a si mesmo, tudo muito colorido e muito fofo, repleto de bom humor. Nos menus temos a companhia de uma assistente que nos vai ajudando ao longo dos passos para aceder aos modos em oferta, não são muitos, três na verdade. O modo Challenge é o modo principal e no qual vamos passar mais tempo pois permite desbloquear todas as novidades e o modo Stroke permite enfrentar desafios isolados para refrescar ligeiramente a experiência. Para os que arriscam agora na série talvez seja aconselhado uma passagem pelo modo Treino.

O mais provável é que nem precisem pois EG6 é um daqueles jogos cuja fama assenta numa gameplay que consegue seguir o lema de "extremamente fácil de assimilar e executar para qualquer um começar a jogar mas com camadas de profundidade para ir conhecendo e aprimorando". Apesar de ter diferentes esquemas de controlo, aqui o jogador pressiona o botão para a barra de força e depois tem que o pressionar novamente para ajustar a precisão do toque na bola. É tão simples quanto isto, dois toques e lá estamos nós a progredir pelo percurso à procura de um Birdie ou de um Par.

Temos ainda que decidir a direção da tacada mas tudo é tão simples quanto tocar no mesmo botão em dois momentos. É provavelmente o golfe em forma videojogável no seu mais acessível que podem ter. No entanto, tudo pode ser bem enganador pois apesar deste enquadramento tão acessível, só ao investir mais tempo e com mais dedicação é que o jogador vai conseguir obter melhores resultados, colocar-se em primeiro nos diversos desafios que compõe cada torneio, começa pelo dos iniciantes, obtendo a desejada estrela e desbloqueando o próximo torneio.

EG6 é muito fofo mas obriga-nos a jogar mais e melhor para progredir e acrescenta ainda mais profundidade à gameplay ao oferecer diversos personagens com atributos completamente diferentes entre si. Os tacos e até as bolas também têm especificações próprias que influenciam a nossa prestação no campo de golfe e através dos pontos obtidos ao longo dos torneios vamos poder ir comprar novos itens e personagens na loja. É esta gestão de atributos e a procura de uma combinação e de uma prestação nossa no campo que nos vai fazer sentir que há muito mais aqui do que inicialmente EG6 dá a entender.

Os campos de golfe não são do mais ortodoxos que podem esperar e vamos ter obstáculos e designs bem bizarros e caricatos, o que serve a tal vertente cómica do jogo que nos desarma e retira qualquer ponta de stress que o jogo pudesse sequer ter. Especialmente porque, como referido, o visual é de estilo cartoon, altamente colorido e bem ao jeito da pequenada. É por isso que acredito que EG6 consegue ser um produto tão acarinhado pelo mundo fora, não faz nada de especial pelo ego da Vita mas faz as delícias dos mais novos ao assumir-se como um jogo agradável à vista e dos mais graúdos ao ter desafio e recompensa suficiente.

" O seu esquema "pega e joga" é do mais indicado que podem encontrar numa portátil mas EG6 não faz nada de verdadeiramente novo."

A possibilidade de comprar novos itens que melhoram a prestação, de adquirir novas personagens com atributos que podem ser mais ao nosso jeito, e ainda a possibilidade de personalizar as personagens com novos fatos ou peças de roupa, oferecem ao jogo um elemento de estratégia e gestão que apesar de simples e fácil não deixa de ter o seu valor na experiência do jogo, tornando-a mais robusta sem preocupar o jogador.

Existe um modo online que nos leva a enfrentar outros jogadores pelo mundo fora e é mesmo a única alternativa válida ao modo singleplayer, especialmente ao modo Challenge. Ajuda assim a suavizar um dos problemas do jogo, a sua falta de modos diferentes e até alguns feitos a pensar especificamente na Vita. Não fossem os menus sensíveis ao toque e este seria um jogo que praticamente nem faria uso do que a Vita pode oferecer.

Enquanto se vão ouvindo bravas guitarradas no campo de golfe, vamos pensando em como melhorar a nossa prestação e quando damos por ela até já não somos jogadores "gatilho rápido", que pressionam duas vezes o botão e siga, para nos tornarmos atentos à direção da tacada e à direção do vento. EG6 vai-nos ensinado que apesar de relaxado pode e quer desafiar o jogador e começamos aos poucos a compreender a sua essência e a sua filosofia ganha novo vigor.

É muito importante que sintam um interesse pelo tipo de jogabilidade aqui oferecida, mesmo até para os que não são apreciadores do desporto, pois facilmente EG6 pode cair num esquema de repetição. É divertido mas dar uma tacada, assistir à repetição e prosseguir pode tornar-se menos entusiasmante do que o jogo nos leva a crer. Especialmente devido à ausência de modos alternativos de valor. O empenho que nos faz ter em não "sacar" de um Boggey ou de um Rough é crescente mas nem todos vão sentir tanto prazer em os evitar a longo prazo.

Everybody's Golf 6 é um jogo completamente adequado para uma portátil, pode ser jogado em espaços curtos de tempo devido à sua jogabilidade extremamente simples mas vai ter profundidade para vos manter agarrados por muito tempo. No entanto não faz nada de novo na série, pede até muito emprestado ao anterior, e não faz propriamente nada de espantoso pela Vita no sentido de promover algumas das suas novas e aguardadas funcionalidades.

Everybody's Golf 6 é um jogo que nos desarma com o seu aspeto visual e nos fascina com a sua jogabilidade, à qual buraco a buraco vamos querer investir mais. O seu esquema "pega e joga" é do mais indicado que podem encontrar numa portátil mas na verdade não faz nada de verdadeiramente novo, apenas o faz numa portátil. Enquanto tal feito não deixa de ter o seu valor, não podemos deixar de sentir que pode não ser tão envolvente quanto poderia caso tivesse decidido ir mais longe.

7 / 10

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In this article

Everybody's Golf

PS3, PlayStation Vita, PSP

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Bruno Galvão

Redator

O Bruno tem um gosto requintado. Para ele os videojogos são mais que um entretenimento e gosta de discutir sobre formas e arte. Para além disso consome tudo que seja Japonês, principalmente JRPG. Nós só agradecemos.

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