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The Book of Unwritten Tales - Análise

Brilhante sopa de clichés.

Adicionalmente, não quero estragar a surpresa, mas de alguma forma Mortimer confia a Wilbur um anel mágico (the ONE ring), que deverá levar pessoalmente até ao "Arch-mage" na cidade de Seastone. Ora onde é que também já vimos isto? Um tipo baixinho que precisa embarcar numa jornada (quest) para levar um anel a uma determinada localização… É bastante claro que os escritores do jogo adoram fantasia, simplesmente pelo facto de conseguirem utilizar clichés de forma declarada, mas que nos conseguem arrancar umas boas gargalhadas.

Mas esta utilização exagerada de referências também tem desvantagens. Por exemplo, o jogo usa e abusa de clichés acerca de World of Warcraft e do jogo de cartas Magic the Gathering. Quem não conhecer bem estes jogos, não vai conseguir ter a experiência que os produtores pretendem, pelo menos não na totalidade. Claro que as mecânicas são as mesmas, mas perceber a referência determina a diferença entre um momento engraçado, de um momento absolutamente hilariante.

Orc com duas cabeças... Cho'gall.

Passando à frente a parte das referências, durante a aventura temos a possibilidade de jogar com vários protagonistas, todos eles com o seu charme próprio, e com alguma ligação com Mortimer, o dono original do livro e do anel se ainda se lembram. A maior parte do tempo controlamos apenas um protagonista de cada vez, mas mais para a frente na aventura, existem capítulos em que podemos trocar entre eles, com puzzles que requerem que façamos exatamente isso para progredir.

The Book of Unwitten Tales é daqueles jogos que nunca apetece começar a jogar particularmente, mas que depois de iniciar, é difícil parar (não ao nível do minecraft!). E isto não se deve apenas à narrativa, mas a todo o conjunto global da experiência. Desde puzzles, simples na sua maioria, mas sempre engraçados, os aliados mais inesperados, todas as situações que por mais estranhas que pareçam, fazem um terrível sentido para quem conhece as lógicas (ou falta delas) da fantasia. Por exemplo numa linha de pensamento normal, ninguém enganaria o próprio "Mr. Death" (raios, tinha dito que passava à frente a parte das referências), para que pudéssemos morrer só para nos transformarmos num fantasma e entrar num portal para o reino dos mortos. Mas isso faz todo o sentido num reino de fantasia, tudo o que temos que fazer depois, é convencer o senhor morte de que se enganou e não era suposto morrermos (ninguém morre numa aventura gráfica…).

As animações das personagens são o aspeto mais negativo do jogo, com muitos bugs, e muita lentidão no tempo de resposta. O motor gráfico de The Book of Unwritten Tales é novo, e como tal, e é provável que isso explique algumas das falhas. Já os cenários estão fantásticos, é certo que neste tipo de jogos os cenários são estáticos, basicamente um pano de fundo com algumas animações, mas a estética está muito boa, e adequada a um mundo de fantasia. As texturas também não têm o melhor pormenor do mercado, mas os cenários são muito variados e cheios de cor.

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A música é adequada ao ambiente de fantasia, e cada cenário teve direito ao seu próprio tema. Ainda assim passa algo despercebida, agora que penso nisso, passar despercebido é bom quando ficamos encravados no mesmo cenário por mais de dez minutos. Já os diálogos compensam e de que maneira as falhas nas animações, e conseguem caracterizar as personagens de uma forma simples, mas brilhante. Esperamos dois anos pela tradução para Inglês, mas os tradutores e interpretes dos diálogos fizeram um excelente trabalho. Não só o tom é sempre apropriado, como as vozes são estranhamente adequadas à personagem em causa, e sempre engraçadas. Adicionalmente os diálogos em si nunca correspondem exatamente ao que escolhemos na caixa de texto, o protagonista tem sempre algo subtil a acrescentar.

The Book of Unwritten Tales tem algumas limitações, mas é justo lembrar que nasceu de uma pequena produtora independente. A sua ligação clara com vários mundos de fantasia conhecidos, principalmente com o mundo do World of Warcraft, foi fundamental para que me sentisse imediatamente relacionado com o jogo, tenho perfeita noção disso. O jogo foi desenhado propositadamente para que o jogador se sinta imediatamente familiar, imergido num mundo de magia. E a magia é um elemento poderoso para a nossa imaginação, existem montes de conceitos, emoções, pensamentos, lembranças que surgem na nossa mente quando se trata de interagir com um mundo de magia, e é exatamente isso que The Book of Unwritten Tales faz bem. Provocar esses estímulos em nós, jogar com o nosso suposto "background", claro que nem sempre acerta, mas quando acerta, é irresistível.

7 / 10

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Aníbal Gonçalves

Redator

MMOs e RPG são com o Aníbal. Aliás existe um rumor na redação que a sua primeira casa é o World of Warcraft. Mas às vezes também o vemos a fazer uns exercícios. Não é mau de todo.

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