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Dead Island

Morte e horror em pleno Éden.

E mesmo os zombies dão uma ajuda valente. A forma como deverão atacar os diversos tipos de infetados são um desafio para que descubram se os devem matar à cacetada ou ao pontapé. E estão realmente bem recriados. Com o avançar no jogo vão surgindo novas espécies que exigem novas técnicas, mas que oferecem sempre um prazer enorme ao serem mortos. Aliás, se certas missões se poderão tornar aborrecidas, matar zombies é algo de que não se fartarão tão depressa.

Até porque com o avançar no jogo, encontrado armas e objetos mais raros, poderão modificar e criar novas armas, através de planos modificadores que vos são oferecidos pelos sobreviventes ao completar certas missões ou encontrados pelo cenário. A jogabilidade é, assim, constantemente renovada, razão pela qual o jogo não se torna aborrecido no que à jogabilidade diz respeito. Se forem daqueles que gostam de ter tudo, então terão aqui uma boa aventura. Existem ainda planos secretos escondidos, que permitem criar armas devastadoras, tudo para que consigam um arsenal de sonho.

Ao contrário da grande maioria dos jogos na primeira pessoa, o corpo da personagem que controlam é pesado, sendo possível sentir os seus movimentos, o que torna a movimentação mais complicada ao inicio, mas benéfica a curto prazo, já que permite sentir os movimentos da personagem em fuga ou combate. Caso morram, perderão uma quantia de dinheiro simbólica, diretamente proporcional ao total que carregam, em troco de reaparecer uns metros atrás do "local do crime". É um pequeno preço a pagar, em troco da possibilidade de continuar em ação sem ter que perder progresso.

Não só por todos os itens e objetos que podem encontrar pelo cenário, mas também pela forma como o progresso e missões são apresentadas, Dead Island assemelha-se àquilo que seria um híbrido entre Fallout e um qualquer filme de zombies que dispense a conotação cómica que lhes tem sido dada ultimamente. Existe uma quest principal que deverão seguir, enquanto outros objetivos se colocam pelo meio - alguém te manda abrir um portão, mas para o abrires terás que fazer um favor ao dono do portão, e por aí fora. Ninguém dá nada a ninguém, a velha máxima que tão bem se aplica aqui. Se quiserem podem ainda adicionar a este híbrido um pouco Man vs Wild ou, no que às personagens inicias diz respeito, talvez um cheirinho de Jersey Shore.

Dead Island parece um verdadeiro RPG de ação... com zombies. A ilha só por si é enorme, mas relativamente cedo serão apresentados novos cenários, como uma cidade, com esgotos e um supermercado do qual gostei especialmente. A mudança de cenário parece um choque inicialmente, deixando a sensação de que tudo o que aconteceu antes não serviu de nada mas, na realidade, poderão sempre mudar entre cada um destes cenários e realizar as missões secundárias que deixaram para trás. Ocasionalmente terão que largar essa abordagem de mundo aberto para entrar em locais mais restritos, num estilo survival horror que aparece como uma lufada de ar fresco na mecânica inicial. De resto acaba por ser muitas vezes mais do mesmo.

As missões da quest principal acabam por ser mesmo mais chatas que as secundárias. Ir de ponto A para B e, quando pensas que algo vai acontecer, mandam-te para o Ponto C. Muitas estão lá só para ocupar espaço. Aquilo que acaba por valer serão as várias recompensas recebidas ou os pontos de XP que permitem evoluir a personagem em nível, de forma a desbloquear novas habilidades, como abrir cofres, realizar ataques especiais ou ganhar espaço de bagagem extra, entre outros. O sistema de evolução de habilidades não surpreende, mas é uma boa adição, principalmente quando jogarem com amigos e poderem sentir a diferença entre as vossas personagens.

Graficamente acaba por ser um jogo bastante impressionante, principalmente na medida em que suporta tantos cenários, e todos eles bem recriados. As várias zonas são enormes, permitindo até a deslocação por carro. Principalmente na ilha, existe um grande detalhe em toda a realidade recriada, de um local outrora paradisíaco e repleto de liberdade. A maioria das casas permitem entrada, estando os interiores igualmente detalhados e cheios de pormenores. Existem ainda factos, bilhetes de identidade e gravações para descobrir.

A trilha sonora conta com temas na linha do famoso trailer, com sons muitos calmos, quase depressivos em alturas de maior quietude. Gostei especialmente do voice acting de algumas personagens, em contraste com a sincronização labial que é uma desgraça autêntica. O jogo tenta por vezes tomar um rumo mais cinemático, e até consegue, mas nunca com grande estilo, devido a problemas como a sincronização ou a tal falta de empatia com o enredo e protagonistas. As feições das personagens, por exemplo, são expressivas mas, ao mesmo tempo, demasiado paradas para certo tipo de diálogo.

É uma pena que Dead Island tenha perdido pelo caminho muita daquela carga dramática apresentada no famoso trailer cinemático. Esse rumo, que parecia tão bem dirigido, caiu para dar lugar a um enredo banal, com personagens banais e uma falta de coerência que lhe custa a distinção entre um bom jogo e um grande jogo. Dead Island não consegue ser mais do que um bom jogo, não por falta de ambição, mas sim por falta de uma direção capaz de orientar todo o trabalho aqui feito. Até porque se aquilo que procuram é uma aventura capaz de durar longas horas (terminei em 16) na companhia de amigos, uma série de outras missões secundárias, com carradas de objetos para descobrir e uma jogabilidade empolgante, então Dead Island só poderá agradar. Simplesmente não esperem muito mais do que isso.

7 / 10

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In this article

Dead Island

PS3, Xbox 360, PC

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Sobre o Autor
Ricardo Madeira avatar

Ricardo Madeira

Contributor

É redator e dá voz à Eurogamer Portugal. É um dos mais antigos membros da equipa, e ao mesmo tempo um dos mais novos. Confusos? É simples.
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