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Gran Turismo 5

Lidar com a perfeição leva tempo.

Como dissemos atrás, Gran Turismo 5 incorpora de uma só vez mais elementos novos do que qualquer episódio anterior da série, para além da adesão ao 3D, ainda que poucos estejam habilitados nesta altura para fruir dessa tecnologia. No entanto permanece ainda como um jogo bastante familiar e algo anacrónico em termos de progressão. E com isto apontamos para as licenças, os eventos especiais e para o grosso daquilo que levará mais tempo, o modo carreira através dos diferentes estágios, desde principiante até profissional. No caso das licenças, há um máximo de dez provas a cumprir. Geralmente desafios encorajadores cuja importância não se mede apenas pela aprendizagem e como trabalhar com GT5, mas também para ficar com uma ideia dos carros em presença e respectivas pistas. E aí a diversidade é de tal modo fantástica que é possível perder algum tempo só para adquirir as taças ouro através dos melhores tempos.

Já os eventos especiais vão sendo desbloqueados cada vez que alcançam um novo nível. Os diferentes desafios pedem níveis superiores como, nalguns casos, a aquisição de viaturas específicas para cumprir a prova. É por aqui que de imediato se faculta o acesso às novas modalidades desportivas em presença como os Karts, Nascar, WRC e até um evento da AMG. A presença do desafio Top Gear é outro assinalável, com a presença da famosa pista sob a forma de um 8 onde normalmente Stig leva os carros desportivos até ao limite. Entre novidade e tradição a progressão não é assim tão uniforme, ficando o jogador sempre disponível para atacar diferentes desafios. É claro que o grosso da progressão continua no modo A-Spec, no qual o jogador deverá escolher ou comprar uma viatura conforme os parâmetros ditados para a corrida e tentar alcançar um troféu. Com isso não só se candidata a ganhar mais créditos indispensáveis para adquirir novos veículos como acumula pontos de experiência indispensáveis para subir de nível. O modo B-Spec é porventura o modo menos interessante de todos ainda que sirva para promover e levar ao sucesso (através dos pontos de experiência) pilotos dominados pela inteligência artificial e que tendem a responder às nossas indicações geradas a partir da boxe. Contudo, as opções de gestão estão limitadas à capacidade física e mental do nosso piloto. Convém pô-lo a correr sistematicamente, só assim aprenderá a conduzir melhor e dominar as técnicas, mas as solicitações actuam dentro de opções limitadas a atacar na corrida, ultrapassar (forçando o erro) ou manter a velocidade e ritmo.

Nas corridas à chuva partir do fundo de uma grelha de 16 pilotos exige perícia. Aprovado pelos Senistas.

A partir daí Gran Turismo não é apenas um simulador ou um “car porn”, mas também um “car festival”, um tributo de fino corte ao automóvel à imagem do trabalho anteriormente feito pela PD, onde o jogador transita entre bólides e os descobre dentro de uma sensação única, antes mesmo de os pilotar, sobretudo junto dos modelos “Premium” podendo pintar os carros com diferentes cores, equipá-los com novos acessórios e modificá-los no aspecto mecânico.

É pena, porém, que a transição entre quadros e até o próprio processo de escolha dos carros esteja quase sempre contaminado por tempos e mais tempos de espera. Os tempos de “loading” são por vezes acima da média o que acaba por comprometer em termos de fluidez de navegação.

Se Gran Turismo 5 Prologue foi o primeiro exercício para por à prova um GT da nova geração aberto às funções online, GT5 mantém a mesma aposta de 16 pilotos ligados em rede. O quadro de opções é generoso e o detentor da sala tem sempre um processo de controlo de corrida bastante eficaz. Porém a variedade de desafios é escassa já que o tradicional passa pelas corridas operadas dentro das regras normais, sendo que as maiores variáveis passam pelo tipo de carros e pistas. É frequente encontrar erros e perde-se o contacto com uma sala. Os tempos de espera desde a adesão a uma prova até ao começo da mesma são ainda longos (há quem faça uma volta de adaptação à pista enquanto espera, novidade interessante diga-se), de todo o modo sente-se que a PD ainda tem algumas correcções a fazer até fazer do on-line uma experiência mais estável.

Condução nocturna é entusiasmante.

Contudo, o melhor mesmo de Gran Turismo 5 está na experiência de condução. Há uma alteração muito significativa para a versão Prologue e até para a demonstração lançada praticamente há um ano. Desta vez a sensação de curvar em grande velocidade alcança uma excelente sensação, desafio esse que sobe de escala à medida que libertam o carro das assistências e o afinam com pneus mais adequados para o tipo de piso, bem como suspensão e outros patamares de afinação. Anteriormente os carros tendiam a deambular e provocar deslizes demasiado bruscos, entrando num efeito parafuso quando se acelerava um pouco mais à saída ou mesmo à entrada das curvas. Agora, os carros tendem a segurar-se melhor ao asfalto. É claro que excessos não são tolerados, talvez quando se esteja demasiado optimista ou se esteja numa fase de adaptação, mas de um modo geral, ou seja, recorrendo ao volante, perspectiva interior e activação do “chip” para simulador, poucos jogos tocam o nível de GT5, desta vez com um máximo de 16 carros em pista. E talvez seja isto que o acaba por deixar próximo de um jogo de nicho. A adrenalina nas corridas incide directamente sobre a actuação do jogador e não é o ambiente em redor que proporciona coisas fantásticas como acidentes, grandes explosões e outros factores que actuam como “inputs”, minorando o que se passa e como se deve actuar no cockpit. A utilização do pad serve minimamente, mas é outra água quando se lhe acrescenta um volante. Aí o jogo muda de figura e o engrenar de mudanças juntamente com o motor ruidoso, facultam outro encanto.

Por tudo isto, somos levados a crer e admitir que Kazunori Yamauchi conseguiu cumprir e alcançar um excelente compromisso com Gran Turismo 5. Não só é o jogo da série que incorpora mais elementos inovadores, de uma só vez, como dentro daquilo que se pede a um simulador, cumpre de forma praticamente cabal. Não é um jogo perfeito, mas as suas falhas são meramente acessórias ou laterais face ao que se pede a um jogo que reproduz as incidências das corridas automóveis. Porém, mesmo que o sistema de danos fique muito aquém do esperado, alguns aspectos visuais não tenham sido objecto de esmero e até o editor de pistas não seja mais do que um reajuste de alguns traçados, a verdade é que nada disto compromete o essencial. E o mais importante é que enquanto volante de condução, Gran Turismo 5 é um título sólido e um raro atestado de qualidade sobre o mundo automóvel.

9 / 10

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