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Kung Fu Rider

Aselhas do asfalto.

Com a chegada do PlayStation Move, os jogadores podem finalmente entrar em contacto com toda uma nova forma de viver os videojogos, pelo menos assim é desejado. Kung Fu Rider é uma das propostas de acompanhamento inicial e se na teoria tudo parece sugerir uma experiência dinâmica e irreverente, já a execução mostra algo completamente sem inspiração. Corridas vertiginosas, mais propriamente descidas ou fugas, sentados em "meios de transporte" completamente invulgares e desapropriados é uma ideia que nos deixa no mínimo interessados mas o interesse inicial cedo se torna em desânimo, pois pouco ou mesmo nada é aqui feito com brilho.

Assim que iniciamos o jogo somos convidados a calibrar o Move e após isso chegamos ao menu principal, no qual imediatamente constatamos que novamente que tudo está no bom Português, tanto o texto como as vozes, garantindo que ninguém fique de fora dos seus jogos. É algo que já se tornou padrão e quase dado como adquirido por parte dos consumidores mas que face aos competidores que continuam praticamente inexistentes nesse sentido, é algo sempre a frisar. O menu sugere um qualquer tipo de história, ou pelo menos um jogo com enredo mas nada disso, Kung Fu Rider apresenta-nos a uma sugestão de história mas que apenas serve para ponto de partida para todo o cenário de jogo e nada mais.

Rasga ruas e becos na mais potente das....cadeiras...

Logo no menu principal o jogador pode notar que nada mais vai ter para jogar que não um único modo de jogo e este vai ser apenas o primeiro dos problemas. De forma compreensível, os quatro primeiros níveis (ou missões se preferirem) alternam entre um tutorial que nos ensina num nível de treino as bases, um nível básico onde por à prova o aprendido e um novo tutorial com técnicas avançadas e consequente nível para testar o aprendido. Para um jogo simples, Kung Fu Rider consegue oferecer vários movimentos e técnicas que até são divertidas face ao contexto do jogo, oferecendo alguma profundidade mas que infelizmente não vai ser tão divertida quando em movimento.

É provável que já durante os níveis de treino se comece a reparar que algo não está a bater certo e quanto mais tempo passamos com o jogo mais isso é confirmado. A estrela do jogo e toda a base da experiência, o Move, não consegue cumprir o seu propósito, até pelo contrário. Se o Move dependesse deste jogo o mais provável é correrem e pegar de novo no Dualshock 3/Sixaxis. Isto porque Kung Fu Rider coloca-nos na pele de uma personagem, existe um masculino e outro feminino, que deve fugir do topo de um bairro até à carrinha que o vai levar para segurança.

Pelo meio vamos ter vários obstáculos, e mafiosos, à nossa espera e é chegada a hora de por em prática as técnicas aprendidas. Num bairro tão movimentado, é normal encontrar barreiras a assinalar obras ou até carros estacionados e temos que usar o Move para saltar por cima deles, abaixar, virar nas curvas e até dar pontapés. Tudo muito divertido nos primeiros vinte minutos nos quais não temos ainda experiência para saber se somos nós que ainda não entramos nas mecânicas de jogo ou se algo de errado se passa entre o Move e o jogo. Quando tudo se pedia dinâmico e intuitivo para poder encadear movimentos e acrobacias, e assim ganhar diversão com o jogo, demasiadas vezes os nossos movimentos não são reconhecidos e as situações ridículas começam a surgir para diminuir o valor da experiência.

Vocês também vão querer gritar...

Quando o jogo apela à alternância de movimentos com vista ao dinâmico e irreverente, como saltar por cima de um carro enquanto sentado numa cadeira de escritório, para apanhar notas que nos enchem a barra que permite efectuar um movimento especial, no qual a velocidade aumenta, seguido de um salto e deslizamento por um corrimão, pontapé num mafioso e ainda um abaixar para passar por uma barreira de obras, isto deveria ser altamente fácil e imediato, é o que o jogo pretende. No entanto tal não acontece e o mais provável é que pelo meio o jogo não reconheça os movimentos introduzidos e o jogador fique preso numa parte do cenário ou em frente a uma parede. Quanto mais obstáculos e mais difícil o nível é, mais probabilidades existem de os movimentos sucessivos e rápidos não serem registados com sucesso e o jogador tende a ficar frustrado.

Quando já tiverem uma hora de jogo em cima começam a perguntar que mais tem para fazer e a resposta é simplesmente mais do mesmo que disfarçado de novo não consegue enganar de tão fracas que são as tentativas. Os percursos que vão sendo desbloqueados começam a surgir como versões de percursos já percorridos mas com novos caminhos abertos ou então algumas modificações aqui e ali que nada de novo realmente oferecem. Tudo muito pobre para uma geração de controlos por movimento em alta definição.

O único ponto que talvez escape em Kung Fu Rider é mesmo a protagonista feminina. Isto porque passado algum tempo só mesmo os que tiverem uma espécie de curiosidade bizarra vão conseguir manter-se no jogo, talvez analisando as formas da rapariga, bastante gelatinosas em algumas partes do corpo. Todo o aspecto visual é competente sem surpreender e relembra alguns jogos lançados através da PlayStation Network. Nada que espante, se bem que essa é uma intenção que provavelmente a equipa de desenvolvimento nem pensou em conseguir.

É normal que no entusiasmo do lançamento muitos se deixem cair na tentação de querer experimentar as demais propostas que a Sony tem para oferecer com o Move, mas sinceramente, Kung Fu Rider nem sequer dá a entender que uma companhia está a querer provar a qualidade de uma novidade e a querer mostrar o seu potencial. Existem outras propostas de qualidade imensamente superiores para o Move e é até curioso que jogos a receberem actualizações para se tornarem compatíveis com uma nova forma de jogar por movimentos consigam potencialmente representar melhor o que a Sony quer oferecer, como Heavy Rain: Move Edition ou até mesmo Resident Evil 5: Gold Edition, caso o queiram testar num elemento de acção.

Kung Fu Rider é provavelmente a pior experiência Move que tive e uma que não consigo sequer aconselhar. É uma péssima introdução ao novo comando da PlayStation 3 e sem qualquer tipo de elemento que se destaque. A única viagem recomendável aqui é a no sentido oposto, e sem sequer pensar duas vezes.

3 / 10

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Kung Fu Rider

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Bruno Galvão

Redator

O Bruno tem um gosto requintado. Para ele os videojogos são mais que um entretenimento e gosta de discutir sobre formas e arte. Para além disso consome tudo que seja Japonês, principalmente JRPG. Nós só agradecemos.

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