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Castlevania: Harmony of Despair

Atado ao "multiplayer".

Acresce a ausência de uma "shop" dentro dos níveis. Comprar e vender material fora dos capítulos, cerceia em demasia o reajuste e alinhamento do arsenal da personagem, essencialmente em bens úteis que permitem a recuperação de energia e magia. Em alternativa os produtores acrescentaram uma barra de energia teoricamente suficiente para chegar ao fim do nível e derrubar criaturas imortais. Mas só em teoria, na prática não chegam muito longe.

A Konami não perdeu, nesta evolução exclusiva – por enquanto – para o Xbox Live Arcade, a intenção de inovar e, nesse ensejo, purgou mesmo algumas soluções inovadoras dentro daquele baluarte conhecido como "metroidvania". Tendo sempre como ponto assente a primazia na acção e combate, os produtores modificaram significativamente o mapa da mansão, desbravado por um simples "zoom" que logo abre o quadro geral da mansão labiríntica, ou de qualquer outra área. É possível jogar naquele formato, mas desaconselhado. Útil para desbravar caminhos e perceber a localização do "boss".

Ainda no respeitante ao "co-op" para vários jogadores, não começam todos desde o mesmo ponto. Por regra alinhados aos pares em diferentes graus do cenário, a morte não implica o fim de vida e afastamento definitivo do jogo. Sobreviverão, no entanto, sob a forma de um "skeleton", de fracos poderes, escassa energia, que é no fundo uma dificuldade acrescida para os companheiros. Há, no entanto, um remédio para isso, basta que um dos colegas recupere uma pedra especial, escondida num tesouro (quase sempre numa câmara bem escondida), pedra essa que devolve a forma humana ao colega que se transformou num mero fantoche. Esta limitação é essencial para o clima de entreajuda e disponibilidade entre os companheiros, podendo mesmo enviar entre si pequenas mensagens de incentivo e adequadas à progressão.

Para cada direcção do d-pad pode ser atribuída uma magia.

O bestiário aqui presente não desaponta. Com um manual detalhado das criaturas adversárias presentes (com todos os pontos fortes e fracos, hp, magia, etc), à medida que percorrem os capítulos são colhidos pela surpresa e abordagem de novos inimigos, maiores ou pequenos, mas bem delineados em golpes de ataque e defesa. Todos se lançam ao ataque sem parcimónia, exigindo do jogador combinações entre golpes provocados por armas e magias. E aqui já entramos naquilo que esta edição de Castlevania melhor oferece; a sensação tão vetusta, agradável e recompensadora de percorrer salas em 2D, ao som de músicas que tributam pautas habituais para a franquia, no meio de "sprites" provocados pelas magias, golpes vistosos e toda uma criação e apartado gráfico que assentam com sucesso nesta recuperação para o formato em alta resolução. Com protagonistas presentes de outras iterações, a escolha operar-se-á entre, por exemplo, Soma Cruz, Shanoa e Alucard.

Castlevania: Harmony of Despair funciona mais como um jogo que prossegue dentro da definição 2D do que seria esperado em termos de reinvenção de progressão como aconteceu com Symphony of the Night. Com efeito, reúne com sucesso uma boa parte dos atributos que arrecadaram respeito junto da audiência mais fiel. Ao relativizar a vertente individual, contudo, acabaram por reprimir muito do que faz sentido, sem garantir sequer um mínimo de equilíbrio na progressão, apostando tudo no "multiplayer" em detrimento daquilo que deve ser intocável nestas franquias e que constituía receita para o sucesso. E este é mais um sinal, para ponderar e debater, sobre como actualmente os japoneses consideram ser uma via de escape ao clima de dúvida que pende sobre a sua indústria. Acreditar que para tudo pode existir um modo "multiplayer" em singelo "co-op" (o survival funciona como uma arena até o último ganhar), favorecendo a acção, por estarem em ligação com as preferências dos ocidentais, implica percorrer riscos e bem que por aqui podem começar a descaracterizar muito do melhor que já fizeram.

7 / 10

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In this article

Castlevania: Harmony Of Despair

PS3, Xbox 360

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Vítor Alexandre

Redator

Adepto de automóveis é assim por direito o nosso piloto de serviço. Mas o Vítor é outro que não falha um bom old school e é adepto ferrenho das novas produções criativas. Para além de que é corredor de Maratona. Mas não esquece os pastéis de Fão.

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